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SP - Receita deve liberar 100 mil declarações de IR na malha fina
Declarações que podem ser liberadas têm saldo de imposto a restituir de até R$ 3.000 e são de contribuintes paulistas
FÁTIMA FERNANDES
  				
A Receita Federal em São Paulo deve liberar restituições de  				Imposto de Renda de pessoas físicas retidas nos últimos cinco  				anos -presas na chamada malha fina-, como forma de colocar mais  				dinheiro nas mãos de contribuintes e minimizar os efeitos da  				crise financeira. Outro objetivo é desafogar o trabalho da  				fiscalização e focá-lo nos grandes contribuintes.
Os créditos totais de IR (Imposto de Renda) a serem liberados no  				Estado de São Paulo -no caso de quem tem restituição do imposto-  				ainda não estão definidos. As declarações que foram retidas -e  				que, eventualmente, serão liberadas e têm saldo de imposto a  				restituir- podem chegar a valores de até R$ 3.000, segundo  				afirma Luiz Sérgio Fonseca Soares, superintendente da Receita  				Federal em São Paulo.
Cerca de 100 mil declarações -com saldo a restituir e também a  				pagar- deverão ser liberadas nos próximos meses.
"Vamos mudar neste ano a filosofia de fiscalização do Imposto de  				Renda para a pessoa física, num primeiro momento. No início da  				semana que vem, representantes do setor de fiscalização da  				Receita Federal em Brasília virão a São Paulo para discutir a  				linha de corte para liberar as declarações que estão na malha. O  				que for feito em São Paulo deverá ter repercussão no Brasil",  				diz Soares.
Ele afirma que, ao liberar os créditos de IR para pessoas  				físicas, elas serão informadas se as declarações estavam  				corretas e foram liberadas definitivamente ou se ainda serão  				examinadas posteriormente.
"Com a escassez de pessoal, decidimos redirecionar a força de  				trabalho para contribuintes de maior relevância econômica. Vamos  				diminuir a fiscalização à pessoa física de menor poder  				aquisitivo. Em vez de ter 30% do nosso pessoal direcionado para  				os assalariados de baixa renda, vamos ter mais 30% do pessoal  				voltado para os contribuintes de maior poder aquisitivo. Haverá  				um redirecionamento na malha", diz.
Os critérios para efetuar o corte na malha ainda estão sendo  				definidos. A ideia, segundo o superintendente da Receita, é  				concentrar a atenção em quem tem restituições de R$ 50 mil, R$  				80 mil, R$ 100 mil. "Num segundo momento, vamos ver se, no caso  				de declarações liberadas, houve indícios de fraude."
As declarações de IR são retidas, principalmente, quando há  				divergências entre os valores declarados pelos contribuintes e  				os informados pelas fontes pagadoras, omissão de rendimentos de  				aluguéis ou de outros valores recebidos, utilização de despesas  				médicas indevidas ou inexistentes e prestação de informações não  				exatas sobre pagamentos de pensões.
Para o jurista Ives Gandra, professor emérito da Universidade  				Mackenzie, a ação da Receita é boa para o contribuinte e para o  				governo.
"Vai proporcionar uma redução no trabalho da fiscalização da  				Receita, que tem falta de funcionários. Apesar de a Receita ser  				informatizada, quando há reclamações de contribuintes, é preciso  				examiná-las, e isso gasta tempo do servidor. Essa medida também  				tem um benefício econômico, pois vai liberar mais recursos para  				o mercado neste momento de crise financeira", diz Gandra.
A Receita Federal em São Paulo já sente os efeitos da crise na  				arrecadação de impostos. De outubro a dezembro do ano passado, a  				arrecadação de impostos federais no Estado de São Paulo caiu  				2,73% em relação a igual período de 2007.
A Receita atribui a três fatores a queda na arrecadação: crise  				financeira, extinção da CPMF (Contribuição Provisória sobre  				Movimentação Financeira) em 2008 e redução nos ganhos  				financeiros de empresas e pessoas físicas. No final de 2007,  				segundo a Receita, a arrecadação de impostos do setor financeiro  				foi elevada por conta dos altos ganhos de pessoas físicas e  				jurídicas no mercado de capitais.
A arrecadação de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)  				-considerado um termômetro do setor industrial- do Estado de São  				Paulo caiu em vários setores no último trimestre de 2008 sobre  				igual período de 2007: no setor de fumo, a queda foi de 9,1%; no  				de bebidas, de 35,7%; no de automóveis, de 17,9%, e, no de  				equipamentos, eletroeletrônicos e cosméticos, de 0,48%.
"Evidentemente a crise teve impacto na arrecadação do Estado, e  				é normal que isso tenha ocorrido, já que a arrecadação acompanha  				o ritmo da atividade econômica", diz Soares.
No ano passado, a arrecadação de impostos federais no Estado de  				São Paulo, que representa cerca de 43% da arrecadação de  				impostos federais no país, foi de R$ 276,8 bilhões, 5,3% mais do  				que a de 2007.
Um dado que chamou a atenção da Receita no último trimestre é o  				aumento da arrecadação do Imposto de Importação -de 44,4% sobre  				igual período de 2007-, apesar de a taxa de câmbio estar mais  				desfavorável às compras no exterior.
